"Meu caminho é cada manhã, não procure saber onde estou, meu destino não é de ninguém e[...]
A rede Record {{Pig?! Mas que Pig?!}} publicou uma matéria {{não acredite em mim}}, a Carta Maior fez um outro excelente trabalho a respeito das capas da revista {{não acredite em mim}} mas eu ainda sentia que faltava dizer mais. Não é apenas uma questão de credibilidade o que está em jogo, mas algo ainda mais grave: a responsabilidade.
Em meados dos anos 80, quando chegava ao Brasil, a AIDS era ainda uma doença desconhecida. Inicialmente divulgada pelos meios de comunicação {{todos, sem exceção}} como Peste Gay a imprenÇa chegou inclusive a cunhar o simpático {{com ironias}} termo Aidético para os portadores do vírus. O termo foi utilizado para descrever à época os pestilentos. Não se sabia ainda como o vírus infectava as pessoas e a quem o vírus infectava.
No meio desse turbilhão, cheio de incertezas uma série artistas sendo infectados, eis que a Veja faz a seguinte capa:
Agoniza foi o termo utilizado para uma capa que não perderia nada caso fosse:
Em troca de alguns {{muitos, ok}} exemplares vendidos, destrói-se a auto-estima de um ser humano. Hoje sabe-se que a auto-estima é importante para o sistema imunológico. Alguém poderia argumentar que ele estava mesmo agonizando e que a capa é apenas duramente realista. Mas a própria matéria desmente:
Mas essa não foi a única matéria a respeito da AIDS. Erros acontecem, mas como se justifica:
Nada justifica a exposição familiar das fotos e frases de pessoas que , obviamente, não estão em condições de darem declarações, digamos, sóbrias, sobre o assunto. Ainda que à época fosse um pouco desconhecido, a própria revista já tinha informações de que não era uma Peste Gay, conforme podemos verificar:
Mas isso não impediu de, 8 anos depois, a Veja voltar com a velha tese {{a esta altura sabidamente preconceituosa}} de Praga Gay, como se vê na edição abaixo:
{{não acredite em mim – confira o acervo todo da Veja }}
Muitos anos depois, sem qualquer pedido de desculpas ou retificações, o assunto tornou-se novamente rentável à revista. Desta vez era o governo Lula o primeiro a quebrar patentes da indústria farmacêutica {{quando o assunto é remédio para HIV/AIDS}}, e a revista não entrevistou nenhum portador {{principal interessado}}, mas …
{{esta é a edição de 16 de maio de 2007, página 58}}
Na prática a quebra de patentes reduziu o preço dos anti-virais de U$1,57 para U$0,67. O mesmo remédio. Só que foi comprado da Índia e não da Merck. A Fiocruz, reza a lenda, começou a pesquisar para a produção de remédios também {{quem sabe até 2500, né?!}}.
O Brasil é um exemplo de luta contra a AIDS e um dos poucos países no mundo que distribuem remédios para pacientes de forma gratuita. A Veja preferiu olhar o prejuízo de uma das mais ricas indústrias do mundo.
Credibilidade? Passa longe.
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